Quinta, 27 Abril 2017 17:21

O MEDO, SEU PONTO DE PARTIDA.

Falar em autoconhecimento não é simples nunca. Primeiro, é mais fácil destruir paredes fora de você do que dentro, afinal tudo que está dentro é abstrato demais para ser tocado facilmente. Segundo, cada pessoa tem um caminho a seguir. Várias pessoas podem lhe trazer diversas possibilidades de pra onde e por onde seguir. Obviamente que pode funcionar muito bem ou não. Tudo isso por que a única pessoa que pode dizer sobre seu caminho é você mesmo. Ninguém (pelo menos que eu saiba) pode entrar em sua consciência, desfazer os nós que a vida lhe proporcionou e sair de lá lhe dando a paz merecida nesta vida. Mas mesmo que não exista um só caminho existem alguns aspectos da consciência humana que se repetem como padrões na construção e desconstrução do EU.

Não pretendo dar uma fórmula de como atingir um entendimento sobre o assunto e através dele solucionar os problemas que acometem o sujeito. A ideia é somente dar um impulso para que o leitor possa começar a desenhar determinados aspectos em seu interior e assim conhecer mais sobre as energias que lhe são próprias, sejam elas operadoras de fluxo energético interno ou bloqueadoras. Neste momento nos interessa um aspecto que para muitos é um bloqueador, o MEDO.

O medo tem sido um companheiro inseparável da humanidade desde os primórdios dos tempos. Na sociedade moderna sua estrutura se tornou tão complexa que nós poderíamos dizer que este chegou a ser base para a culminância de doenças físicas como dores de cabeça, gastrites, dermatites entre outras. Sem contar todo o aparato utilizado para que tenhamos mais segurança no nosso dia-a-dia, causando doenças sociais. Tomando o campo do autoconhecimento somente, precisamos entender onde está esse medo? Como identifica-lo? É somente precaução ou já se instalou um pânico?

O medo é essencial para a sobrevivência do ser, caso o contrario nos colocaríamos em perigo o tempo todo se deixássemos somente a nossa natureza do anseio pelo novo nos domar. Porém o medo em excesso pode suprimir nossa necessidade de mudança e nos levar a um isolamento, chegando a uma enfermidade. Tudo bem, então como saber diferenciar um medo essencial de um excessivo?

Imaginemos um desfiladeiro, muito profundo e escuro, não é possível enxergar o fundo mesmo sabendo que ele existe. Vamos chama-lo de nova possiblidade de vida. Não conhecemos o fundo, mas algo em mim necessita ir até lá, experimentar novas possiblidades, novos rumos. Chego perto da borda do desfiladeiro e com um certo medo olho para baixo. Percebo a altitude, sinto o vento e calculo que não posso descer sem algo que me dê segurança, caso pule fatalmente morrerei e não quero isso. Neste ponto pego uma corda de comprimento compatível, amarro a uma árvore forte e enlaço ao meu corpo. Cuidadosamente desço até o fundo e vou explorar esse lugar novo. Aqui o medo é precaução, onde cuido para não deixar que meu organismo padeça sem perder a nova possibilidade que me foi apresentada.

No segundo medo o princípio é o mesmo, chego até a borda do desfiladeiro e observo o fundo, mas minha reação já não é mais a mesma. Num rompante saio correndo e não quero mais chegar perto do buraco, pois meu coração disparou como se fosse sair pela boca. Uma agonia sem explicação se apossou de mim e me tornei extremamente irracional. Descer não esta mais nos meus planos e então o medo bloqueou meu impulso ao novo. Aqui ele vira pânico e não me deixa calcular possibilidades de resolver o problema, de como ir até o fundo do que a vida me trouxe de novo.

Podemos dizer que tudo se resume no que está fluindo e no que não está fluindo. O medo que me trava está bloqueando o fluxo de minha energia vital. É necessário identifica-lo e enfrenta-lo. Geralmente o medo de uma situação está grande devido à ilusão e expectativa que colocamos nele, ao enfrenta-lo percebemos que não tinha a proporção imaginada e até nos sentimos ridículos. Mas para fazer o enfrentamento é essencial um passo de extrema coragem rumo ao desfiladeiro.

Entre a precaução e o pânico posso dizer que ainda temos um terceiro aspecto, o medo que dispara uma energia agressiva no sujeito, o qual decide imediatamente enfrenta-lo pulando para o fundo sem qualquer aparato de segurança. As consequências podem ser boas ou ruins, mas só há uma maneira de saber. De qualquer forma a escolha é do sujeito e deve ser respeitada como tal.

Pois bem, a intenção deste texto é somente dar ao leitor um ponto de partida para se adentrar ao processo do autoconhecimento. Obviamente o texto não se basta, necessitando de alguém com conhecimento adequado para orientar o sujeito em suas descobertas. De qualquer forma o autoconhecimento é de extrema importância para o indivíduo. Somente se conscientizando de suas virtudes e limites é que existe fluidez e consequentemente paz interior. Parafraseando Buda: “O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”.

Piettro Ribeiro Lamonier

Psicólogo CRP: 23/494

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(63) 98115-4250

 

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