Primeiramente, peço de antemão que me perdoem se algo do que o leitor observar de minha escrita for tendencioso ou levianamente unilateral. Tentarei ao máximo ser imparcial em minhas observações, porém não acredito que exista neutralidade científica e muito, se não tudo, do que lemos tem algo intrínseco de quem escreve mesmo que este o negue. Espero, mesmo assim, que possa servir de reflexão para que no mínimo o leitor se leve a buscar soluções para os problemas que a modernidade nos implica.
Falar do feminino e do masculino pode vir a dar margem a uma discussão longa paramentada de radicalismos. Pois a minha intenção é justamente a de sairmos do radicalismo, sairmos da guerra fria sexista e falarmos de energias que envolvem os seres humanos em suas mais diversas características individuais e consequentemente coletivas.
Imaginemos uma represa, uma estrutura criada para impedir que um fluxo de água prossiga seu caminho. A água é a energia Feminina, a represa seria uma energia social de repressão pautada num princípio machista, o que difere e muito da energia masculina. O fluxo da água que tem origem na parte anterior à represa não cessa, causando acúmulo de força sobre a estrutura. Esta última por não suportar o volume excessivo de água se rompe causando uma devastação a tudo que esteja posterior à ela. É necessário tempo e paciência na espera de que o fluxo da água diminua sua força e possa correr livremente nutrindo tudo por onde passar.
Se considerarmos a sociedade como um só indivíduo e dentro deste havendo seu feminino e seu masculino, percebemos que a energia feminina eclodiu depois de milhares de anos de repressão, milhares de anos em que a sociedade decretou as características do feminino como fraquezas, por exemplo, a sensibilidade. Esta característica é a habilidade que o ser tem em si de perceber com intensidade estímulos dos mais diversos, resumindo um ser sensível sente mais que aquele que não tem a sensibilidade desenvolvida, com isso é necessário que tenha mais força para suportar a gama energética percebida. Assim com a eclosão do feminino, esta enchente vem abalando estruturas sociais, quebrando conceitos enraizados, nutrindo a energia masculina que há séculos estava seca e deserta, quase que sem vida.
Ainda restam muitos pedaços da represa os quais devem ser dissolvidos. O fluxo excessivo da água ainda não parou e os conceitos estão sofrendo mudanças necessárias para o estabelecimento de uma harmonia. Os papéis do homem e da mulher estão sendo redefinidos, com isso uma certa confusão fica instalada e é necessário que o indivíduo busque dissolver o que ainda estanca o fluxo de suas energias. É necessário que, independente de gênero, o ser deixe que seu feminino venha à superfície e em contato com seu masculino criem um fluxo de vida mais harmonioso e verdadeiro.
Dentro de cada ser o Feminino e o Masculino devem dançar em gloriosa harmonia, caso isso não ocorra o fluxo de vida é estancado e o sujeito adoece. Para que ele volte à vida faz-se necessário que o indivíduo descubra o que é que não está deixando a energia fluir e como dissolver essa barreira e dar vazão segura à energia reprimida. Aceitar que as transformações estão acontecendo e que existe confusão e sofrimento nesta adaptação é o primeiro passo para se estabelecer soluções quanto aos novos papéis na modernidade. Pois, homem e mulher biologicamente têm seus limites, porém em suas individualidades são transcendentes. Respeitar a sua biologia é necessário, mais necessário ainda é entender sua individualidade.
Piettro Ribeiro Lamonier
Psicólogo CRP: 23/494
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